terça-feira, 6 de julho de 2010

Olha nos meu olhos úmidos, seu covarde, essas lágrimas escorrem por tua culpa. Há ácido diluído nelas, arde ao cair. Desinfla esse teu peito e assiste à vermelhidão do meu olhar, ao desaparecer do meu sorriso; foste tu o responsável. Escuta a rispidez das minhas palavras vomitadas, elas são fruto da minha decepção. Derruba, mas tenha a decência de admirar a queda e ouvir a crueldade no estilhaçar da alma. Observa-me enfincar a pá e agrupar os cacos, e não desvies do monte. Acompanha as minhas costas distanciarem-se a passos cambaleantes. É mais fácil manter a consciência limpa quando se desvia o olhar, né? Porém não há coragem alguma nisso, é ser fraco.

Olha nos meus olhos úmidos, seu covarde! Veja essas lágrimas, elas desabam –como chuva ácida- por cima de tuas cartas. A corrosão é rápida; linha a linha, apaga cada declaração, cada promessa: questão de tempo até que teu último “eu te amo” torne-se ilegível.


E não me olhes, depois, nunca mais.