sábado, 23 de agosto de 2008

E não pararia, por nada.

Corria sem rumo; lágrimas e pés sincronizados. Cada metro superado fazia relembrar-se de algum momento de sua vida. Conseguia sentir a evolução em sua pele, corpo, mente. Não era concreto, mas estava ali, assim como o vento que soprava em seus cabelos. Sentia suas pernas mais compridas à medida que suas lembranças se tornavam recentes. Pudera então ver: quanto crescera! Sem ligar para a fadiga e para os medos que surgiam, ela continuava a correr. Os olhos fixos; a mente, longe. E não pararia... por nada.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Alforria.

Olhara aquela imensidão azul durante muito tempo. Sentia-se pronta: era a sua hora de voar. As asas pareciam firmes, assim como o vento, que a encorajava em assovios. Podia ver muitos outros, planando por entre as nuvens, fazendo aquilo parecer a coisa mais simples. E talvez realmente fosse.
Quem sabe seu triste destino fosse mesmo a vida mundana, com os pés bem firmes rente ao chão. Continuava estática, sentindo o sangue frio e latejante esvair-se entre as veias, espalhando por todas as suas extremidades o desejo de, também, ser livre.
Enquanto sentia seus pés trêmulos fixos sob o solo, mal percebia que sua mente a tantos já voava, sem medo. Um vôo ora rasante ora leve, de quem não sabe onde quer ir ou aonde pretende chegar. Sem nem perceber, voava constantemente e por isso sonhava e ansiava tanto. Sabia como era a emoção de não ter nada em que apoiar-se, de sentir o vento guiar. Era como se já tivesse feito isso um dia, e de fato, já havia.
Sem hesitar, abriu suas asas e vôou em direção ao sol, que brilhava intenso e motivadoramente. E quem avistasse de longe, ficaria também a imaginar se seria assim, tão simples como parece.