quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Auto-imunidade.

Suga-me, arranca minha alma porque ela já não me pertence. Pega aquilo que foi-me um dia intrínseco e expulsa de dentro de mim. Exorcisa minha mente, leva daqui todos os pensamentos que me dominam porque eles não são meus. Deixa-me apenas as lembranças, o pretério (imperfeito) e a carcaça vazia e cansada. Meu corpo não me reconhece, não codifica minhas substâncias, não me identifica -como se eu o fizesse. Tornei-me meu próprio antígeno: é uma batalha interior.
Dissolvo-me nas lágrimas e aos poucos me desfaço; caio ao chão -porém não sem antes traçar uma trajetória tortuosa. Estou desabando a conta-gotas.

domingo, 9 de agosto de 2009

Avante.

E ao olhar para trás apenas conseguia ver as migalhas que eu mesma atirara ao chão, a cada passo dado. Enfileiradas –tão patéticas- indicavam com perfeição o caminho de volta ao meu ponto de partida. Deixei que os pássaros, pouco a pouco, apagassem aquelas coordenadas: retroceder já não estava mais em meus planos.

sábado, 6 de junho de 2009

Melancolia.

O vento sopra... Tão silencioso. Falta aquele farfalhar, o roça-roça das folhas - pra onde se fora todo aquele atrito? Assovia, em um bemol quase inaudível, a tristeza da última folha arrancada -à força. O ornamento sumiu, a casca secou.
Da seiva escorre vagarosa a saudação: seja bem-vindo, inverno.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Ânsia.

Venho acordando com um gosto amargo que me desce pelo êsofago: são as palavras que estavam na ponta da minha língua... É tarde demais para regurgitá-las.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Desvantagem.

O tempo parece querer fugir de onde estou e correr sempre mais rápido do que posso agüentar, pra longe. É estranho saber que as semanas que se foram levaram consigo todas as minhas preocupações, antes tão insuportáveis.
O céu enegrece e clareia em questões de segundos e não me causa mais nenhuma mudança emocional: cansei de me deixar levar pelo clima. Em algum momento me anestesiaram e eu nem tentei relutar. As palavras, aquelas esquecidas dentro de mim, ainda parecem um tanto quanto adormecidas e me soam tão prematuras nessas linhas.
Estou eu aqui, tentando –em vão- acertar o ritmo de meus passos com pernas maiores do que as minhas.